domingo, 13 de dezembro de 2020

No futuro, como será o pouco de liberdade que nos resta?

Muito tempo sem postar. Admiro quem consegue seguir uma rotina de postagens frequente, pois não é fácil ter ânimo para postar semanalmente ou mensalmente.


O tema que me inspirou a escrever esta postagem é o pouco de liberdade que ainda nos resta (ao menos quem não pertence a uma casta de privilegiados e imunes, como políticos, jornalistas e ativistas de esquerda). Nossa suposta liberdade de expressão e de atuação é como se fossemos animais presos dentro de um cercadinho. Corremos de um lado para outro mas não podemos sair do espaço que quem controla nos permite. E o cercadinho está cada vez menor.

Destaco os acontecimentos com o empreendedor dono da Havan, Luciano Hang, e com o humorista Danilo Gentili como símbolos das crescentes restrições à pouca liberdade que ainda existe, ou que imaginamos que exista.

O empreendedor dono da Havan, recentemente, se envolveu em protestos na cidade de Pelotas - RS. A cidade é a única ou uma das únicas que decretou fechamento total do comércio, justamente nesta época de Natal, na qual há maior movimento nas lojas, já que boa parte do pessoal recebe décimo terceiro. 

Realmente é difícil identificar racionalidade na opção do gestor. Fatos como a liberação de aglomerações para carreatas e comícios, liberação da movimentação para votação nos dias de eleições (sem medição de temperatura, conforme estava recomendado pelas autoridades) e fechamento total da cidade uma semana depois da reeleição da prefeita ajudam a evidenciar que tudo não passa de palhaçada para amordaçar a população.

Independente de concordar ou não com as medidas decididas pela prefeita do PSDB, o fato é que o dono da Havan organizou protestos na cidade, em frente à Prefeitura. Apesar da aglomeração, a polícia e guarda municipal não coibiram o protesto pacífico. A coerção por meio do "poder estatal" aconteceu quando o dono da Havan se dirigiu ao aeroporto da cidade para ir embora. 

Quando chegou ao aeroporto, lá haviam cerca de dez agentes públicos, incluindo representante da secretaria de segurança pública, policiais e guardas municipais. No local, o empreendedor teve que assinar um monte de formulários, sob a justificativa de multas e processos administrativos por desobediência às medidas sanitárias. Talvez muitos dos policiais que ali estavam fizeram a intimidação a contragosto. Recebem ordens e sobra para eles caso não acatem. 

Após todo o show de como o estado é "poderoso" e como se faz "respeitar", o empreendedor foi liberado para ir embora. Destaca-se que há filmagens do ocorrido nas redes sociais do Luciano Hang. Nota-se que apesar do grande número de agentes que abordaram o empreendedor e sua equipe, o diálogo foi educado por ambas as partes. Mas o Luciano Hang é bilionário, influente e amigo do presidente. Será que com um cidadão não tão representativo a cordialidade seria a mesma? Ouso dizer que o cacetete seria bastante utilizado contra qualquer cidadão comum que dissesse um "a" para questionar a "violência legítima do estado" ( com e minúsculo mesmo).

Pois bem, não satisfeitos em multar o empresário, os burocratas locais agiram para movimentar o poder público para fechar a loja da Havan da cidade. A loja havia conseguido autorização judicial para funcionar no fim de semana. Demonstrando incrível eficiência, o judiciário foi acionado e emitiu liminar durante a madrugada do dia após os protestos e autorizou que a loja fosse lacrada, bloqueada, fechada. Não bastasse isso, na manhã seguinte, a guarda municipal enviou equipes até o estacionamento da loja Havan da cidade e passou a abordar quem passasse na frente da loja. Foram movimentadas diversas instâncias do poder público para intimidar e atingir o empreendedor, sobrando até para o cidadão comum que passasse frente à loja. Tudo isso para quê? Para fazer respeitar as medidas sanitárias e trazer o bem geral social? Não acredito nessa historinha. É muito mais factível que as ações foram para mostrar quem manda e como as coisas funcionam no país.

 A história do Danilo Gentili envolve o caso com a deputada petista Maria do Rosário. Esses partidos de esquerda possuem uma imensa equipe de advogados e utilizam processos administrativos e judiciais para intimidar os adversários. No caso do apresentador, ele recebeu uma censura da câmara dos deputados, a rasgou e a passou no saco, com exibição na tv aberta. O time de advogados da petista moveu processo judicial e o apresentador foi condenado à prisão em primeira instância, estando o processo em análise de recurso na segunda instância. O poder público irá realmente prender o apresentador? É algo muito parecido com o conceito de crimideia do livro 1984. A mensagem que fica é: não pode desrespeitar e mexer com o estado e com sua casta superior, caso contrário é pau e cadeia. Dá pra destacar a incoerência da situação: a deputada é imune para falar o que quiser, defendendo o estuprador Champinha, defendendo o agressor de mulheres amigo do partido (Zé de Abreu) e o que mais quiser. Já o apresentador e qualquer cidadão (desde que não seja da turma do bem) recebe processo, censura e cadeia. É a conhecida situação de não importar o que se diz, mas sim quem diz.

Ainda, tem o caso do inquérito das "Fake News" do STF, que agiu para intimidar supostos infratores, enviando policiais federais arrombarem a casa de quem ousou desrespeitar os excelentíssimos ministros.

Essa é a realidade do nosso país. Uma casta de burocratas poderosos e protegidos, que utilizam a máquina pública paga com o trabalho de todo mundo para se protegerem e para domar quem ousa enfrenta-los. E nós cidadãos, que pagamos impostos taxas e cumprimos centenas de outras burocracias, concordamos com tudo isso?

Quando irá mudar essa realidade? Penso que num futuro muito distante. Muitos não acordaram para essa realidade, já que os "intelectuais", a mídia, os funcionários públicos, e quem quer que seja não debatem sobre esse problema. Muitos ainda gostam e utilizam essa realidade para benefício próprio. Quem ousa debater o assunto é taxado de negacionista, conspirador, "reacionário". O futuro nos dirá se a sociedade irá evoluir. E o aspecto é realmente a evolução gradual e lenta. Revolta e ataques diretos ou uma "revolução" não são acontecimentos factíveis.