domingo, 2 de maio de 2021

Compra de imóvel

Sou um pai de família jovem sem moradia própria, na busca por um teto.

Vi que há a discussão sobre a racionalidade de comprar versus alugar. Até cheguei a fazer essas contas e tive como resultado uma desvantagem financeira ao comprar um imóvel, nas condições atuais dentro da minha realidade e dos meus desejos. Mas ainda assim mantenho o desejo de comprar uma casa e assumo um eventual prejuízo financeiro no longo prazo. A questão de conforto, bem estar, tranquilidade de ter um imóvel próprio, é um custo que eu assumo com um belo sorriso no rosto.

Tenho vontade de ter uma casa ou sobrado de rua, algo que tenha espaço, um jardim pra pisar na grama, plantar umas flores, cultivar uma pequena horta, e uma área de churrasco pra poder assar uma carne e chamar alguns familiares.

Apartamento ou sobrado de condomínio eu estou fora. Tenho péssima experiência com condomínio, com moradores transtornados sem nada para fazer que ficam denunciando uns aos outros para síndicos igualmente problemáticos que notificam e multam por qualquer motivo idiota escrito num papel chamado "regimento interno". Já vi alguma opinião sobre a estratégia de controle social por meio dos condomínios: é só colocar uma equipe de síndicos alinhada com o regime ou colocar um monte de lei para os síndicos seguirem que fica fácil controlar os demais moradores. Até tenho que procurar mais material sobre o tema, pode fazer algum sentido.

Muitos podem citar a segurança e facilidades do condomínio. Não troco maior segurança pela infelicidade de conviver com vizinhos insuportáveis. Prefiro transformar minha casa de rua em um presídio, com muros altos, arame farpado, cadeados, cerca elétrica e câmeras. Imagina você pagar uma fortuna ou até financiar um apartamento e ter que conviver com vizinho barulhento, mal educado ou outros defeitos piores, ter que encontrar a pessoa no elevador, nas áreas comuns, na portaria etc. Numa casa de rua, normalmente a influência de vizinhos chatos na sua vida é menor. 

Quanto às facilidades, dificilmente uso as coisas do condomínio. Tem que pagar condomínio todo mês, e geralmente não é barato. Se quer usar a área de churrasco, tem que reservar. Isso se não tiver dezenas de moradores na frente para fins de semana e feriados. Piscinas e academia ficou tudo fechado com a pandemia e tem que ficar pedindo autorização e encheção de saco de síndico. Prefiro pagar por um serviço pelo qual eu possa escolher fora do condomínio.

Localização pode ser um ponto a favor de condomínios de apartamentos bem localizados. Mas, se for pra ter maior qualidade de vida em área mais distante do centro, prefiro a casa da periferia. Porém, esse é um ponto que tem que prestar atenção em alguns detalhes. É bom evitar locais que fiquem próximos a bairros pobres ou muito violentos, pois penso que o risco de furto ou assalto aumenta, bem como vizinhos indesejáveis com som alto, brigas, que depositam sujeira etc. Também varia de região para região. Moro em Curitiba, que tem regiões longe do centro que são boas (mais para a região norte da cidade). No caso de outras capitais, talvez as áreas periféricas não sejam tão boas ou o transtorno para se deslocar para o trabalho numa região central seja realmente um problema.

Na hora da compra do imóvel, além de escolher bem a localização, para não depender tanto do carro no dia a dia, exceto deslocamentos para o trabalho (pode ser contornado com home office), tem que se esperto para não cair em furada. Até vi uma casa com potencial legal para eu comprar, porém antiga, totalmente fora dos padrões da prefeitura, documentação toda zuada, IPTU atrasado sabe lá desde quando.

Sinceramente, não sei se aconselho confiar muito em corretor. O corretor que me atendeu para ver essa casa tentou me fazer de otário e me tirar dinheiro de todo jeito. Tentou me empurrar uma bomba, uma casa velha. Levei profissional técnico para ver as instalações hidráulicas, elétrica, telhado e pude ver que a casa era uma porcaria que precisaria de uma reforma enorme para ficar habitável e, quiçá depois, para cumprir as burocracias da prefeitura. Fora a documentação toda atrasada e falta de averbação. Um corretor sério teria conferido tudo e nem ofereceria a casa. Também tentou me tirar dinheiro indicando "despachante" para agilizar a documentação para financiamento e registro do imóvel. Segundo ele, o serviço custaria mil reais e o despachante saberia de atalhos para facilitar a compra. No fim, descobri que tudo sai pela internet e o procedimento mais custoso é ir ao cartório pedir a matrícula do imóvel.

Enfim, a compra do imóvel próprio é uma decisão séria e precisa ser bem avaliada. Não caiam no papo de vendedor que alguém possa te passar. Avalie bem os documentos, contrate alguém que entenda de construção para ajudar na avaliação, e reflita sobre o uso que fará do imóvel. No meu caso, não me adapto a condomínios, muito menos a apertamentos, então meu negócio é casa de rua com edícula de churrasqueira e quintal.

Não sai barato imóvel desse tipo em cidade grande, porém, prefiro me apertar um pouco mais para morar num lugar que eu goste do que pagar à vista uma porcaria que vai me gerar transtorno. Imóvel envolve sentimento também, não só a racionalidade do que sai mais viável ou não financeiramente.


7 comentários:

  1. Belo post, AC. Você poderia postar com maus frequência!
    Concordo com você que a escolha por comprar um imóvel não é 100% financeira, entram variáveis bem subjetivas nessa conta, como o nível de felicidade da família.
    Objetivamente, o mais importante em um imóvel é, a meu ver, a localização. E sempre contratar um advogado para ajudar, pra evitar dor de cabeça futura com documentação.

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    1. Pois é, falta inspiração pra escrever e a correria dificulta escrever com mais frequência. Compra de imóvel é uma decisão muito importante na vida, tem que se prevenir bastante pra não errar.

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  2. Eu comprei um apartamento térreo num condomínio de 2 andares, fica nos fundos, tem 88 m2 + fração de solo de 137 m2, por 74 mil agora em 2020.

    Quem mora em cima no nível da rua não desce porque é desmembrado. Entradas são separadas, o meu entra por portão descendo a rampa.

    Bem bom, tava alugado, agora vou arrumar outro inquilino, vão pintar lá fora e tal.

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    1. Preço baixo. Em Curitiba, qualquer apartamento de um dormitório está 115 mil na periferia.

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  3. Gostei muito do tópico, a discussão de "alugar vs comprar" é de certa forma até estúpida e quando ela aparece em canal de certos influenciadores digitais patrocinados por certas entidades, isso só mostra como existem muitas questões obscuras.

    Acho que você toca em questões bem pertinentes, eu como morador de cidadezinha de interior não faço a menor ideia do que é viver em um condomínio, mas fico imaginando enfrentar esse tipo de situação com vizinhos. A perda de privacidade e a limitação que você enfrenta ao viver em condomínios é no mínimo um ponto a ser considerado na hora de escolher esse tipo de moradia, ainda é pior para a galerinha que compra uma casa e vai passar 30 anos pagando as prestações.

    Gosto muito de posts com essas reflexões sobre aspectos do cotidiano, por favor continue compartilhando conosco.

    Abraços,
    Pi

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    1. Morar em condomínio é horrível. Também vim do interior e ter que pedir autorização para síndico para qualquer coisa é um saco. Tem muita política e injustiça em condomínio. Se alguém do conchavo não for com sua cara, vão ficar pegando no seu pé. A melhor coisa é ter seu canto, sem depender de ninguém.

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    2. Eu e o PI somos privilegiados, morar em cidadezinhas do interior tem suas vantagens :) Se eu fosse morar/trabalhar em cidade grande, acho que alugaria um apartamento, não criaria raízes. O dia que pudesse meteria o pé para algum lugar com custo de vida baixo e alta qualidade de vida, tipo uma pequena cidade próximo a praia ou algum rio, porque eu gosto de água. Aí vai depender do que você gosta. Abs

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